31.1.03



Cut&Paste Dept.

TomZé tem razão: só pode ser mandinga...

Mas o que será que está acontecendo com os servidores de blog brasileiros? Será ataque terrorista isto? Teremos que chamar o salvador do mundo para intervir aqui também? Cadê o Weblogger? Cadê o TheBlog? Só sobraram o Blogger.com.br e o Blig? Cadê o Daniel? Cadê a Gi? Cadê a Alessandra? Cadê a Luna? Por favor, o último a sair apague o PC!!!

E por falar nisso, o Autocrítica lançou mais uma novidade dedicada a todos esses blogs aí:

EU TENHO
AUTOCRÍTICA




(Post integral e descaradamente roubado do TomZé)


Dúvida cruel

Não sei se a piadinha é velha ou não, mas eu não conhecia -- e adorei...

É nas situações extremas que a gente conhece as próprias fraquezas.

Uma pergunta para você: responda com sinceridade e então poderá se auto-avaliar moralmente.

Trata-se de uma situação imaginária, claro, mas...

Você está no Rio de Janeiro, em meio ao caos das últimas enchentes. Um verdadeiro dilúvio, as ruas transformadas em rios, gente pedindo socorro, o mundo vindo abaixo. Você é fotógrafa(o) e está fazendo um frila para o The New York Times. Sabe que este é um trabalho decisivo para a sua carreira: uma foto publicada lá pode mudar a sua vida.

De repente, você vê Rosinha e Garotinho num carro, lutando desesperadamente para não serem arrastados pela correnteza, entre o lodo e as pedras. Você tem a oportunidade de salvá-los ou de tirar a foto que daria a volta ao mundo, receberia elogios do Sebastião Salgado e, provavelmente, ganharia um Prêmio Pulitzer -- para não falar numa nota preta.

Baseado em seus princípios éticos e morais e na fraternidade e solidariedade humanas, responda sinceramente:

Você faria a foto a cores ou em P&B?


Cora, em chinês -- pelo menos, foi o que me disseram


Enquanto isso, na China o pessoal se prepara para comemorar o Ano Novo.
É curioso como certas viagens continuam na cabeça da gente.

Vida e-pistolar

A Luciana Barrichelo me escreveu:

Aí assim,

a gente tá conversando sobre preparar as malas e voltar para o Brasil. Sim, terminado o curso de 2 anos nada mais pra se fazer aqui certo?

-- "Como assim", mandou um chinês.
-- "Vocês deixarão os EUA e voltarão para o país de vocês?", completou só pra ter certeza.

Então, Nando e eu tentamos explicar que, por maior que sejam os nossos problemas (nós não temos o Bush!!! ah, ah, ah, ah, brincadeirinha) o Brasil é, ainda, o melhor lugar pra se viver.

Compramos meia dúzia de cerveja (Miller Light) e chamamos alguns amigos chineses pra ver e ouvir um pouco de Brasil. E eles:

-- "Ôooooooooooooooo!!!!" (coro e caras!)
-- "Ôooooooooooooooooooooo!!!" (idem)
-- "Ôoooooooooooooooooooooo!!" (traveis!)

tradução: NOSSA, É ASSIM??? PUTA, QUE MÁXIMO!!!

Então combinamos um caldo quente pra que contassem um pouco da China. Até hoje não rolou o tal caldo.

Uma triste realidade:

-- "Não queremos voltar para o nosso país. Preferimos passar fome mas ficar aqui, na América do Norte."

Cada um com o seu cada qual como diria uma grande amiga.

Em tempo: é bom ir a Shangai quando se tem o ticket de volta, não?


Sem dúvida, Lu, sem dúvida alguma.


Bonitinho!!!

Gente, olhem que liiiindo... :-)

Ganhei de presente do Kibe Loco.

Valeu, Kibe, adorei!


São Nunca

Taí uma ótima idéia -- vejam a missão a que este bondoso santo recém-nascido pretende se dedicar:

"Existe um mundo de blogs super legais que não são vistos por falta de divulgação. Este será o meu objetivo: procurar blogs para você visitar. Se alguém pensava que só teria esta opurtunidade no dia de São Nunca, este dia chegou."

Não é simpático?

30.1.03



Acho que este foi feito pra mim... ô tristeza!




Pra não perder o hábito...

Não é porque a nossa cam querida está fora do ar que a gente vai deixar de ver esta maravilha, né, Raphael?

Agora, sem brincadeira: hoje a foto não está aí à toa. Clicando nela, vocês podem ver o deslumbrante presente que o Florio Cimieri me mandou: a última manhã registrada, em AVI, minuto a minuto. São 2.2Mb, que valem a espera.


Leila @ work



Which OS are You?

Que sistema operacional você é?

Faça o teste aqui!
É claro que eu não levo esses testes a sério, mas, puxa, se eu fosse o Win Me, eu ia ficar bem deprimida...

Ao contrário do Mahna Mahna, eu achei este link em outro blog...


Alice Woudhuysen, Kitten on Keys

O Waldir Leite, que está na boa vida com a Marina W. lá em Búzios (ô inveja!!! peguem uma corzinha por mim, crianças...) descobriu, na Inglaterra, uma galeria que tem uma seção inteira dedicada a gatos!


Ah, sim...

Antes que eu me esqueça:

Volta, Matusca!



Quando eu era criança, morei aqui: tínhamos um carro com uma placa assim, só que azul
Uma parte extremamente querida da minha família mora aqui
Algumas das pessoas de quem eu mais gosto estão aqui: Lynn, em São Francisco; Scarlett e Teo e John Lippman, em LA; Deca, em Sacramento

Achei na Carminha, que achou na Angela: ô panelinha boa...

Update: Esqueci o link... para fazer a sua plaquinha, clique aqui.


Shangai

Para quem está perguntando do post sobre a internet na China que ficou preso aqui na Idade do Gelo: tudo o que escrevi sobre a China está em shangai.tk -- inclusive um álbum de fotos com legendas!




O Dudi botou esses carinhas lá no Baile Blogue comemorando o descongelamento do internETC. Muito engraçado! Valeu, Dudi; e valeu, gente -- realmente, a força que todos me deram aqui foi a coisa mais simpática e carinhosa.


Participação especial da Keaton

Meu lado fashion

Na segunda-feira passada estive em São Paulo, para trabalhar na Fashion Week. Dizendo assim, e lá no Segundo Caderno, parece até a coisa mais normal do mundo -- mas, acreditem, não é, não. Pelo menos não para quem, como eu, é jornalista de informática desde o começo dos tempos. Acontece que ser jornalista de informática não é apenas saber se uma máquina é sexy ou não, ou subir parede de costas quando alguém diz CD-ROOM perto da gente. Na verdade, ser jornalista de informática da versão 1.0 da espécie é todo um estilo de vida, um jeito de ser que os de fora definem como nerd, mas que a gente chama de geek, porque, como diz o Mario AV, "a gente sabe a diferença"; e é, também, ter um guarda-roupa que definitivamente não combina com o mundo lá fora, muito menos com uma Fashion Week.

No planeta geek, usar sandália Birkenstock dia e noite, chova ou faça sol, é mais do que aceitável: há até retratos oficiais de Linus Torvalds, o criador do Linux, de sandália com meia -- tão bonitinho, ele! Na falta de Birkenstocks, ou em feiras onde se andam quilômetros por dia, tênis são aceitos, desde que bem gastos; a idéia básica sendo conforto, e não elegância.

É lógico que quem se desliga de forma tão acintosa da moda está, implicitamente, reconhecendo a sua existência, se não importância. E é lógico, também, que há uma série de recados que os geeks transmitem através das roupas, como qualquer outra tribo. Numa feira de informática, ganha quem estiver com a camiseta mais velha, de preferência de um produto assassinado pela Microsoft.

Há pouco tempo, numa conferência, me virei, realmente emocionada, quando um camarada passou por mim com uma camiseta do Wang Freestyle. Lançado em 1988, ele continua sendo um dos sistemas mais incríveis de que me lembro, ainda que esteja tão morto que mal se encontrem referências a seu respeito na web. Algo me diz que esta camiseta -- ainda que muito bem conservada para um modelito late 80s -- não faria o menor sucesso na Fashion Week.

-- Vá toda de preto, -- me recomendou Monique Duvernois (mulher do Fernando Pedreira), que não só é das pessoas mais bonitas que conheço como, ainda por cima, entende tudo de moda, quero dizer, de elegância.

Tentei obedecer, mas descobri que há um arco-íris em tons de preto no meu armário -- onde nenhuma das camisetas pretas combina com nenhuma das calças idem. No fim fui de jornalista de informática, mesmo, até porque a pauta era conhecer o Dream e o Luminix Fashion, os novos telefones da Samsung. Ah, sim, esqueci de explicar -- não há nada mais ultrapassado, hoje, do que lançar celular como se fazia antigamente, juntando numa sala de conferências comum os jornalistas, a diretoria da empresa e os telefones; novidade nessa área só se apresenta, atualmente, em desfile de moda, show em Xangai, Fashion Week. É óbvio que vou ter que repensar certos aspectos do meu guarda-roupa se quiser me manter em dia com o que está acontecendo.

No lounge (que é como, me parece, o povo fashion tende a chamar as salas) da Samsung havia quase tantos jornalistas de moda quanto de tecnologia e de economia. À primeira vista, parecia impossível distingui-los uns dos outros: estavam todos de preto. Na hora da coletiva, porém, tudo se esclareceu:

-- Qual é o sistema, CDMA ou GSM?
-- Qual é a fatia de mercado da Samsung na área de celulares?
-- Qual é o material em que foi confecionada aquela bolsinha vermelha?

Achei muito interessante ir à Fashion Week, mas confesso a vocês que me senti como um peixe fora d'água. Tentei desesperadamente pensar numa pergunta para fazer aos três estilistas que estavam mostrando os acessórios que fizeram para os celulares, mas a única coisa que me ocorreu foi perguntar como eles se chamavam. Acho que não pegou bem.

Saí do lounge da Samsung me sentindo terrivelmente inadequada. Logo ali em frente, havia um outro lounge, lindo, em tons de azul, com água corrente fazendo barulhinho e tudo. Era da Nívea. A assessora de imprensa, que já trabalhou na área de tecnologia, me conhecia -- mas, infelizmente, eu não conhecia o suficiente sobre a Nívea:

-- Ah, a Nívea também faz maquiagem?

Ela me olhou com espanto e pena.

-- Mas há muito tempo...

Agora tenho um CD com explicações e fotos de toda a linha de maquiagem da Nívea e estou impressionada. No primeiro andar, onde todo mundo fazia fila para saber detalhes do horóscopo e ganhar uma garrafa de Coca-Cola na cor do seu signo, montada numa caixinha com grafismos à la Mondrian nas cores do seu ascendente e da sua lua (Leão, Leão e Áries, respectivamente, ou laranja, laranja e um laranja mais forte -- ficou bonito) encontrei a Heloisa Marra, lá do Ela.

-- Escuta, me diz uma coisa, é horrível eu não saber que a Nívea faz cosméticos?
-- Ué, mas você não sabe?
-- Não, não sabia.
-- Nossa! Como é que pode?!

Resposta completa. Mas também, agora, já sei o que fazer antes do próximo lançamento de telefonia móvel. Vou deixar todos os white papers sobre GSM, CDMA e TDMA em casa e vou ter uma longa aula com a Mara Caballero sobre as tendências e os personagens da moda.

E vou comprar umas roupas novas.

(O GLOBO, 30.01.2003)

29.1.03



e, ainda por cima, tem alma de gato: dá pra resistir?
Foto (e cão) de Mario AV

E, com vocês, o novo leiáute do blog:
by Mario AV, como sempre...



istorimineira

Pra quem perdeu durante a fase Blog by YACCS, aí vai a historinha mineira que o Rems mandou; ele achou aqui.

Sapassado, era séssetembro, taveu na cuzinha tomano uma pincumel e cuzinhano um kidicarne com mastumate pra fazê uma macarronada com galinhassada.
Quascaí di susto, quando uvi um barui vino di denduforno, pareceno um tidiguerra.
A receita mandopô midipipoca dento da galinha prassá.
O forno isquentô, o mistorô e a galinha ispludiu!
Nossinhora!
Fiquei branco quinein um lidileite. Foi um trem doidim, uai!
Quascaí dendapia!
Fiquei sensabê doncovim, proncovô, oncotô. Oiprocevê quelucura!GrazaDeus ninguém simaxucô!




Meu amigo Jim Alfaro mandou este cartão para o Mosca...
vale o clique, é muito bonito!


YESSSSS!!!

DE NOVO NO AR!!!

Uau!!! Iupiii!!! Viva!!! Yahoo!!! Google!!!


O blog funciona novamente, que bárbaro... Eu estava morrendo de saudades desse papo, puxa vida. Cheguei em casa agora, baixei meu email e lá estava uma msg do Jason, explicando tudo.

Parece que há um limite para o número de arquivos que a gente pode ter; eu não sabia disso. Acho que nem o Jason. Também não sei que espécie de arquivos, porque posts, só depois que instalei o YACCS, já são quase mil (ele conta os comentários por threads, ou seja, pelos assuntos; atualmente há 942 threads, e vários posts não tiveram comentários). Em suma, este limite, seja lá pro que for, é de 300. Ele subiu para 800, então suponho que não teremos problemas tão cedo. Ou, pelo menos, este tipo de problema... Amanhã vou escrever para ele para saber a que espécie de files refere-se este limite.

E como vão vocês? Está tudo bem? A vida segue direitinho?

Por aqui tudo jóia. A Família Gato vai bem e manda lembranças. Logo logo vou postar umas fotos deles.

A primeira, aliás, especialmente dedicada ao Cesar Valente, que me deixou encabulada e comovida com o que escreveu no Carta Aberta.

Webcam

A camerazinha, coitada, que naufragou no mesmo dia em que o blog congelou, parece que morreu mesmo... Por enquanto não vou tirar ela daí não, quem sabe volta? O internETC. não voltou?

Update: Botei no ar uma webcam provisória, que o Florio achou, até a nossa queridinha voltar ao ar.


Adiós, Hilary

Na quinta-feira passada, Hilary Rosen, CEO da RIAA (Recording Industry Association of America, a poderosa associação das gravadoras americanas), anunciou que vai deixar o posto no segundo semestre do ano. Sinceramente? Já vai tarde. Nos cinco anos em que esteve à frente da RIAA, ela promoveu o maior estrago jamais visto pela indústria do disco. Não estou falando do ponto de vista do público, mas sim das gravadoras; pode até ser que um dia nós, usuários, com o benefício do distanciamento histórico, possamos agradecer-lhe o bem que nos fez. Na sua luta insensata contra qualquer avanço tecnológico, ela nos abriu as cortinas do passado — e o que estava (e ainda está) escondido lá é um horror.

* * *


Ao trazer as gravadoras para a luz da ribalta com o famoso processo que matou o Napster, Hilary Rosen acordou o público. Todo mundo achava que os artistas mudam de gravadora porque uma lhes oferece mais dinheiro, ou o executivo da outra é mais simpático; subitamente, descobrimos que eles mudam porque, sugados até o bagaço, almejam um tratamento mais decente, e o pagamento justo do que lhes é devido em direitos autorais.

Graças a Hilary Rosen, vozes como as de Courtney Love e do nosso Lobão foram amplificadas, revelando um mar de lama de tais proporções que põe o Congresso Nacional e os fiscais do Garotinho no chinelo. A garotada também pôde ouvir os acordes dissonantes do Metallica, ensinando que às vezes uma aparência moderninha e contestadora esconde o pior pensamento reacionário; e nunca se discutiu tanto o indecoroso preço dos CDs.

Se não há atualmente um só consumidor sobre a face do planeta que não tenha plena consciência de estar sendo assaltado quando compra um CD não-pirata, isso deve-se, única e exclusivamente, aos esforços de Hilary Rosen e da associação que tão equivocadamente dirige.

* * *


O assassinato do Napster é sentido, até hoje, como uma das maiores feridas abertas da internet. Não há quem tenha participado daquela extraordinária comunidade que não sinta saudades da adrenalina e das descobertas, do ritmo de crescimento do sistema e dos ritmos descobertos nas salas de chats, dos flertes musicais transoceânicos e dos encontros bizarros.

Como é que vou me esquecer, por exemplo, da madrugada em que estava baixando “Giovinezza” da máquina de um usuário que tinha uma preciosa coleção de hinos? No meio do download, abriu-se a janelinha de papo:

— Bella scelta! Dux nobis!

Tá, eu não sei bem qual é a vantagem de se encontrar um autêntico fascista na internet, mas, honra seja feita, de que outra forma eu poderia ter um encontro engraçado com um fascista?! Histórias pitorescas à parte, o Napster abriu mundos muito distantes para todos nós, mundos que, se dependessem das gravadoras, permaneceriam ocultos até o fim dos tempos.

Mas não somos nós, usuários, que devemos chorar pelo Napster. São as gravadoras. Sem a batalha cega da RIAA, nunca tantos teriam descoberto tanto em tão pouco tempo. Hoje a música rola na rede para quem quiser, livre, leve e solta como deve ser, espalhada em milhares de servidores inatingíveis. Nos tempos do Napster, eu só encontrei “Giovinezza” depois de meses de procura, naquele único servidor do fascista hi-tech. Agora, por curiosidade, dei uma busca no eMule — que nem é o melhor P2P para audio — e encontrei sete diferentes fontes.

* * *


Sim, é verdade que na semana passada mesmo a RIAA conseguiu na justiça que a Verizon lhe entregasse o nome de um usuário que hospedava um belo ninho de músicas. Um. Repito: UM. Depois de quantos milhares de dólares em custos legais? Também é verdade que está indo atrás dos provedores de serviço, mais uma vez andando na contramão da História. A longo prazo, porém, essas são ações fúteis, que estão fazendo a festa dos advogados no mundo inteiro — e só.

O fato é que o usuário que quiser música grátis sempre vai encontrar música grátis, mas as gravadoras nunca mais vão encontrar uma ferramenta como o Napster: um único ponto da rede em que se reuniam todos os amantes de música, oferecendo uma oportunidade sem igual para quem quisesse estudar seus hábitos, preferências, sexo, faixa etária, estado civil, classe social...

* * *


Em suma, com um mínimo de visão e de inteligência, a RIAA poderia ter usado esta formidável oportunidade para mapear musicalmente toda a humanidade conectada, a custo quase zero. Com isso poderia atender melhor à sua clientela — mas sabemos que esta é a última de suas preocupações. No entanto, poderia também ter feito espetaculares campanhas de marketing dirigido por uma fração do que gastou na justiça, ganhado baldes de dinheiro e saído da história com uma imagem limpa e amável. Que Hilary Rosen e seus asceclas não tenham visto isso é algo que, até hoje, escapa à minha compreensão.

* * *


Diz Ms. Rosen que vai se aposentar para dedicar mais tempo à família.

Pobre família.

(O GLOBO, 27.01.2003)

22.1.03



Assim falou John Le Carré:

America has entered one of its periods of historical madness, but this is the worst I can remember: worse than McCarthyism, worse than the Bay of Pigs and in the long term potentially more disastrous than the Vietnam War.
(O resto aqui)

Valeu, Tom!

Update:Já há uma versão em português do texto, que o André Kenji postou no Forum. Estou pondo este link, mas não sei se vai funcionar; se não funcionar, é só clicar aí ao lado, no link pro Forum, e pronto.

21.1.03



Demorou...

O Forum Social Mundial deus as mãos ao software livre. Faz sentido: quem quer uma socidade livre precisa, antes de mais nada, de software livre.

Leiam todos os detalhes aqui, no CIPSGA.

Ao meu querido Luis Alberto Garcia Cipriano, obrigada pela dica.


Aldeia global

Marina, lá da Suécia, me chamou a atenção pro texto do Joaquim -- que, para variar, está o máximo. Ela quer saber onde foi parar o romantismo dos homens, e me pediu que comentasse o texto, mas, Marina, em texto do Joaquim, comigo, só há uma coisa a fazer: assinar embaixo... E, ah, sim: recomendar a todos que não deixem de ler.


É um peixe? É um submarino?

Nããããoooo!!!

É o Capitão Chopp!!!



Iuhuuuuuuuuuuuuuuu!!! Pronto, gente! Graças ao Matusca, temos um final feliz pro bonequinho!!!

Grande Matusca!!!

Que belo gesto!!!

Que nobre ação!!!

Que gif genial!!!

19.1.03



Lição de vida

Esta expressão, "Lição de vida", é um dos clichês mais batidos que conheço. Qualquer coisa um pouco melhor, mais... edificante, digamos... pronto, lá vem alguém com a frase indefectível:

-- Que lição de vida!

E lá fico eu pensando com os meus botões, "Putz, não podia ser um pouco mais original, não?"

Mas querem saber de uma coisa? Acabei de ler um post autobiográfico do meu amigo Rodrigo Belchior, e acho que, agora, é a minha vez de dizer:

-- Caraca, que lição de vida...

Podem me esculhambar, mas não deixem de ler.




Roubei da Carminha: não é ótimo?! Pobre bonequinho!




Olhem que prêmio simpático o blog ganhou!
Muito obrigada, meninos, valeu...

18.1.03



É cada um que aparece...!

Recebi uma mensagem de um amigo através do email de um sujeito chamado David Still, do qual nunca ouvi falar. Aparentemente, este David existe de verdade, mora na Holanda e se diverte emprestando a sua (dele) personalidade para quem quiser usar. Ou então não existe, mas criou um personagem completinho, com fotos e memórias de infância, sei lá.

O "conceito" todo é, pelo que entendi, uma forma de arte online.

Então tá.


Trabalhadores do Mar

Imagine a cena: está você posto em sossego a bordo do seu iate, participando feliz de uma regata, quando, subitamente, aparece na escotilha um tentáculo gigante -- e o bicho ao qual pertence aquele tentáculo começa a puxar o barco para as profundezas.

Não, não é ficção. Ou, pelo menos, a BBC acha que não é, e dá como verdadeira a história de um iatista francês atacado por uma lula gigante.

Como a essa altura bem sabem todos os que assistem ao Discovery, a lula gigante é o mais misterioso habitante do fundo do mar, e quiçá o maior. Há pouquíssimos casos de encontros entre humanos e lulas gigantes documentados. Durante muito tempo, aliás, quem levou a culpa do horror foi o polvo, possivelmente graças a Victor Hugo que, em Os Trabalhadores do Mar, relata o arrepiante encontro entre seu herói Gilliat e a medonha criatura, "macia como couro, sólida como aço, fria como a noite..."

Li este romance quando era criança e, por causa dessa passagem, tive pesadelos com polvos durante um tempão. Mais tarde, quando aprendi a mergulhar, passei a me divertir muito com eles. É facílimo descobrir a toca de um polvo: são tão inocentes, coitados, que nem varrem o lixo da porta de casa. Você vê uma pilha de fragmentos de concha, cascas de caranguejo e caracóis perto de uma pedra e pronto, pode apostar: lá mora um polvo. Ainda por cima, eles têm um jeito tão pensativo e gozado de olhar pra gente...

Detalhe curioso: a regata da qual participava Olivier de Kersauson, o iatista atacado, chama-se Troféu Júlio Verne. Outro escritor que andou trocando as bolas e pondo o seu Capitão Nemo às voltas com o octópode errado.

Dica: Os Trabalhadores do Mar pode ser baixado de graça na Virtual Books Online, em tradução de -- ninguém menos! -- Machado de Assis. E Vinte Mil Léguas Submarinas também.

Não há de quê.

17.1.03





Taí: este o Nelito fez sob medida pra mim...!


O dia hoje amanheceu assim...

Eu não resisto a essa cam... Existe lugar mais lindo?!


Ai ai ai...

O meu Clié NR70V quase cometeu harakiri quando viu a foto do NZ90, seu irmão mais novo e muuuuuuito mais esperto, apresentado ao mundo pela Sony na semana passada, durante a CES (Consumer Electronics Show, a feira que está tomando o lugar da Comdex em termos de atrações e popularidade).

Como o meu Cliezinho jurássico (sim: já tem quase um ano!), este também faz fotos -- mas a 1600 x 1200, isto é, quase dois megapixel, com flash e auto-foco, contra os humildes 320 x 280 do antepassado. O modelito, que vem com software de edição de imagens, tem também um slot Wi-Fi (802.11b) e Bluetooth integrado; funciona como player de MP3, gravador e videocam, e pode usar baterias extra. Cada uma dura cerca de uma semana.

Ah, sim: nas horas vagas, ele funciona como qualquer Palm da sua geração.

O novo Clié chega às lojas nos Estados Unidos em fins de fevereiro a cerca de US$ 800; o cartão Wi-Fi sai por US$ 150.


Alô alô, Brigada Anti-Spam!

Gente, ou este cara é muito burro, ou acaba de inventar um jeito sensacional de se vingar de um desafeto! Vejam: não só ele manda spam, como o quê anuncia? Venda de um CD-ROM com mais de 14 milhões de endereços, para o que eufemisticamente define como "mala direta por email"...!!! E aí, tolinho, acrescenta o seguinte:

Meu nome é Claudio. Ligue agora mesmo:

Telfax: (21) 3274-3276, Nextel:(21) 7814-5523, Nextel ID: 55*4*27038

e-mail: c_lettieri@bol.com.br


Está pedindo, ou o quê?!




Este é o (pi)Stache; roubei daqui...

16.1.03



Piadinha

Chegou pela internet, óbvio...
Vocês já conhecem?


O presidente Bush, querendo aumentar sua popularidade, visita uma escola. As crianças são reunidas, ele explica a sua plataforma de governo e pede às crianças que façam perguntas. O pequeno Bob toma, então, a palavra:

-- Senhor presidente, tenho três perguntas:
1) Por que o senhor mesmo perdendo nas urnas ganhou a eleição?
2) Por que o senhor quer atacar o Iraque sem motivos?
3) O senhor não acha que a bomba de Hiroshima foi o maior ataque terrorista da história?

Neste momento, soa a campainha do recreio, e todos os alunos saem da sala. Na volta, Bush mais uma vez convida as crianças a fazerem perguntas, e Joe levanta a mão:

-- Senhor presidente, tenho cinco perguntas:
1) Por que o senhor mesmo perdendo nas urnas ganhou a eleição?
2) Por que o senhor quer atacar o Iraque sem motivos?
3) O senhor não acha que a bomba de Hiroshima foi o maior ataque terrorista da história?
4) Por que o sinal do recreio tocou 20 minutos mais cedo?
5) Cadê o Bob?


Abel, Ramalho e algumas partes da minha máquina

Caindo na real

Para me provar que já estou mesmo de volta à realidade, o Abel Alves trouxe minha máquina de volta. Ela, que estava funcionando perfeitamente na oficina dele, quando chegou aqui resolveu -- é claro! -- dar um ataque. Não ligava.

O Abel revirou tudo, desmontou peça por peça e, no fim, foi à oficina buscar outra fonte.

Enquanto isso, o Ramalho, nosso aventureiro-mór, de passagem pela cidade, parou para tomar um cafezinho, bater um papo e mostrar umas fotos.

Acho que a máquina ficou tão irritada quando percebeu como estávamos nos divertindo, sem lhe dar a mínima atenção, que voltou a funcionar, sem problemas...

Valeu, Abel!


A Torre da Pérola Rosa é a imagem predominante na paisagem da cidade (vide selinho abaixo)

Expresso de Xangai:
aventuras na China

Na quinta passada, enquanto esta coluna circulava por aqui, eu circulava por Xangai, enfrentando um frio danado, um trânsito ensandecido, a barreira da língua e alguns choques culturais de alta voltagem, dos quais não me recuperei de todo, ainda que parte deles fosse esperada. Em Hong Kong já me haviam dito, por exemplo, que os chineses, acreditando que certos fluidos não devem ser retidos no organismo, acham normal, e até saudável, cuspir na rua; só que, há dois anos, quando fui a Hong Kong, era primavera, e ninguém tinha muito o que escarrar. Já em Xangai, com o termômetro abaixo de zero, as calçadas estavam cheias de, digamos, “maus fluidos”. Para não falar em guimbas de cigarros, coisas quebradas, restos de comida e porcarias de toda a espécie. A imundície é geral e indescritível.

Por outro lado, sendo possível erguer os olhos do chão — o que nem sempre se recomenda, já que, estando constantemente em obras, Xangai tem algumas das ruas mais esburacadas do planeta — o que se vê é de tirar o fôlego: uma cidade em crescimento vertiginoso, cheia de edifícios extraordinários em que brilham luzes e cores, sem qualquer compromisso com este ou aquele estilo arquitetônico. Projetados em sua maioria por escritórios ocidentais, eles devem mais à estética futurista das histórias em quadrinhos do que aos velhos edifícios coloniais do Bund (pronuncia-se bú-ned ), o passeio às margens do Huangpu (um dos tributários do Yangtzé), que foi, até a vitória do comunismo em 1949, a avenida mais famosa da Ásia.

A impressão que se tem é que, livres da caretice dos conselhos municipais, da gritaria das ONGs e das restrições das associações de moradores, os arquitetos estão se esbaldando, fazendo em Xangai tudo o que não podem fazer em casa. Estão se divertindo como só podem se divertir em sistemas totalitários, sem questiúnculas irrelevantes como o povo ou o orçamento para atrapalhar seus delírios de concreto, vidro e aço. E, como às vezes acontece com este tipo de paradoxo, estão criando uma paisagem sensacional.

Em vários pontos da cidade, a demolição das construções antigas se dá ao mesmo tempo em que surgem os novos edifícios, obrigados durante algum tempo a dividir espaço com as últimas ruínas de velhos quarteirões proletários. Nelas, famílias inteiras continuam levando a vida de sempre, usando a calçada como extensão natural das casas pequenas demais para contê-las. O resultado é tão incongruente como se, em frente ao Rio Branco 1, houvesse meia dúzia de máquinas de lavar e fogões a lenha em funcionamento, cercados de varais de roupa. Mas que ninguém se iluda com este ridículo passageiro: Xangai, que começou a ser reconstruída para valer pelo governo chinês há meros dez anos, já é uma das cidades mais interessantes do mundo. Na semana passada havia um certo desapontamento no ar porque a Disney escolheu Hong Kong como local para seu próximo parque temático, mas o meu palpite é que Xangai, uma cidade que dispensa atrações artificiais, não está perdendo nada.

A Torre, vista do BundÉ claro que nem só de considerações sócio-arquitetônicas se faz uma visita à China. Entre outras dezenas de sustos e estranhezas, há os restaurantes, onde — graças a Deus! — não reconhecemos 90% da comida que nos é servida e, nos 10% restantes, reconhecemos apenas a pimenta; e há os mercados. Fui a um deles. Lá, a sujeira onipresente era realçada por uma camada de gosma derrapante e fedorenta no chão dos corredores estreitos, onde pedestres disputavam espaço com bicicletas e motos. Tudo muito pitoresco... até chegarmos à peixaria.

Eu tinha ficado um pouco para trás fotografando, quando ouvi o grito de uma amiga. Corri em tempo de ver, num balcão, um peixe grande que acabara de ser cortado em dois, ainda vivo, sangrando e se debatendo. Fiquei paralisada olhando para a cara daquele bicho que saltava sem a parte de baixo do corpo, e que levou uma eternidade para morrer.

Mas não havia sido essa a causa do grito da Luciana. Quando ela me encontrou, depois de ouvir o meu grito (claro, nem percebi, mas gritei também), o peixe já estava quase morto. O que ela vira havia sido igualmente horripilante: uma vendedora esmigalhando uma enguia também viva no chão, e depois cortando a sua cabeça fora com uma tesoura. Os chineses acharam o nosso pavor muito engraçado.

Todos os animais (sapos, cobras, enguias, peixes, caranguejos, tartarugas) são mantidos vivos em pequenas bacias, cuja água se renova com tubos de oxigênio iguais aos que se usam em aquários. As tartarugas, empilhadas umas em cima das outras, tentavam escapar, desesperadas. Logo adiante, uma moça limpava uma batelada de cobras. Cortava-lhes as cabeças, depois as abria ao comprido para tirar espinha e entranhas. Fazia isso de forma tão automática que nem as olhava mais.

Fugimos da peixaria, mas caímos num lugar pior: o aviário. Vi um cisne com as asas quebradas para trás, “amarradas” num tipo de nó, sendo pesado num gancho que o suspendia por este nó. Vi centenas de patos uns em cima dos outros, alguns com as patas partidas, todos com as asas quebradas dessa mesma forma, e nunca mais vou conseguir me esquecer do olhar dessas aves, eu que achava que aves não têm expressão. Nunca na vida vi um descaso tão generalizado com o sofrimento, uma tal banalização da crueldade. Pode-se argumentar que a forma como criamos os frangos nas nossas granjas não é mais “humana” (que palavra inapropriada!), ou que um matadouro não é muito diferente disso; não sei. No quesito comida chinesa, a única coisa que posso fazer é parafrasear aquele ex-notável da República:

— Mata, mas não estupra.

(O GLOBO, Segundo Caderno, 16.01.2003).

14.1.03



'

Estranho: este post entrou vazio no ar ontem, quando marquei a dica do C@T para um horário futuro.


Dica do C@T

"Que tal receber gratuitamente via email diariamente pela manhã uma coletânea das mais importantes colunas publicadas em jornais brasileiros online? Quem faz esta compilação é o artista plástico Silva Costa , aproveitando que costuma acordar bem cedo. É um hábito que pegou há tempos, mandar para os amigos uma seleção matinal de colunistas. E a turma que recebe gosta. Silva Costa, porém, não garante as remessas: no dia que estiver sem saco, não manda -- simples assim.

Os envios são feitos através da lista "colunasrio" do Yahoogroupos. Você pode se inscrever via web ou, se preferir, assinar a lista por email, enviando mensagem em branco para colunasrio-subscribe@yahoogrupos.com.br

Comece bem seu dia, bem informado." (Carlos Alberto Teixeira)




LAR, DOCE LAR

Depois de uma viagem tranqüila e sem incidentes além do atraso de duas horas, cheguei ao aeroporto ao meio-dia, e aqui em casa quase junto com a Bia -- que começou a trabalhar hoje no novo emprego. O almoço foi frango assado de padaria, arroz, feijão, farofa e salada. Ô delícia! Bebi muuuuuuito guaraná. Dei um alô rapidinho pra mamãe e pra Laura pelo telefone, e resolvi me espichar no sofá da sala por uma meia horinha antes de ligar pro resto dos amigos, arrumar as coisas, tomar umas providências.

Dormi feito uma pedra e só acordei inda agora, nove horas depois.

Brinquei com a Família Gato, senti falta dos filhotinhos que já estão com a Monique e com o Fernando desde a semana passada, li alguns jornais atrasados, a correspondência e uns emails, vi o blog -- é tão bom conseguir ver o blog novamente! -- mas, acreditem, continuo morrendo de sono.

A sensação que tenho é de que voltei mas ainda não cheguei completamente. A diferença de fuso, mais o tamanho dessa viagem gigantesca, fazem miséria com o organismo da gente.

Enfim, viajar é ótimo, mas bom mesmo é voltar pra casa, com as aventuras na memória...

13.1.03



Celular versão top model

XANGAI, China -- Para que serve um telefone celular? Se você respondeu o que ainda parece óbvio, ou seja, falar, saiba que está — como eu estou, e estamos quase todos — na contramão da história. A resposta certa é, ou será em breve se tudo correr de acordo com os planos de fabricantes e operadoras, mandar torpedos, fazer barulho, se comunicar visualmente, dizer a que veio e a que tribo pertence, conferir o extrato do banco e o horóscopo do dia, saber das novidades, checar o email, matar os amigos de inveja.

E, às vezes, até falar.

A indústria não tem poupado esforços (nem recursos) para transformar este ideal em realidade. Uma após a outra, em reiterados congressos, showcases e encontros de todos os tipos, empresas, operadoras e associações tecno-ideológicas (CDMA, GSM, Edge, GPRS, Bluetooth, Symbian, UMTS...) vêm batendo na mesma tecla: o celular é a extensão ideal do ser humano, que só não veio de fábrica com um porque o Todo-Poderoso não conseguiu resolver imediatamente algumas questões básicas de protocolo.

— Os celulares não são mais vendidos por suas funções básicas — reconhece Jean Pierre Le Cannellier, diretor de estratégia e marketing da Motorola para a América Latina. — Eles deixaram de ser uma questão tecnológica, e passaram a ser produtos de consumo, muito diferenciados entre si.

A Motorola — que reuniu aqui em Xangai cerca de 800 pessoas, entre imprensa especializada, desenvolvedores de aplicativos e analistas de mercado para uma jornada de atualização, lançamento de produtos e apresentação de um novo sistema, o Moto Coder — não quer perder essa onda. Aos 75 anos de idade, uma eternidade no setor, ela se deu conta de que a faixa mais voraz da sua clientela nem tinha nascido quando, há exatos 20 anos, lançou no mercado o primeiro telefone móvel comercial.

Hoje, quem está correndo atrás dessa galera é um notável especialista em “público jovem”, Geoffrey Frost, que até 1999 era diretor de publicidade da Nike. Ele percebeu que não era com o bom e velho StarTac que seduziria a garotada, e deu uma sacudida geral nos setores de design e consumo da empresa. Os telefones que falavam em preto e cinza se transformaram em máquinas radicais prateadas, cheias de cores e sons interessantes, anunciadas na MTV, flagradas nas mãos dos personagens de “Friends” e fazendo figuração no Oscar.

O grito de guerra “Hello Moto” está em todas as paradas:

— “Moto” não deixa de ser uma volta às origens da companhia — diz Frost. — A empresa recebeu o nome de Motorola porque o primeiro produto que lançou foi o rádio para automóveis. Veja: “motor”, que é óbvio, e o final de “vitrola”, que era a máquina de som da época. A idéia de som, movimento e liberdade já estava implícita então.

“Moto” virou, sem trocadilho, o moto da Motorola. Que pode um dia, quem sabe, virar apenas “Moto”. Frost não descarta a possibilidade:

— Vamos ver como as coisas andam... — diz.

Se depender dos chineses, vão andar bem. A Motorola tem 30% do mercado de celulares local, ao qual pretende vender uns 70 milhões de aparelhos este ano. Não só este é um dos maiores mercados do mundo, como é um dos que mais crescem. Ele precisa ser cortejado, e isso explica por que viemos todos a Xangai, em vez de ir aos Estados Unidos, como seria de se esperar. Mais do que chamar a atenção do mundo para o que está acontecendo na China, a idéia foi, imagino, chamar a atenção da China para o que está acontecendo na Motorola.

Durante toda a semana, virtualmente todos os espaços publicitários do Pudong, o moderníssimo aeroporto internacional da cidade, diziam “Hello Moto”; outdoors em todas as ruas faziam eco, assim como banners em ônibus e táxis. Até as portas dos elevadores dos hotéis que hospedam os participantes do encontro viraram displays coloridos para os novos aparelhinhos.

Todos GSM, os oito se destacam, justamente, pelo que fazem além de falar: eles podem acessar a internet, têm sons de chamada que são verdadeiras trilhas sonoras, são inteiramente personalizáveis, da cor das cascas ao papel de parede e, nem preciso dizer, têm telas coloridíssimas. São muuuuuito cobiçáveis, e não é difícil imaginar zilhões de adolescentes chineses chateando os pais para comprar um modelo novo. Pensando bem, não é difícil nem imaginar alguns adultos brasileiros olhando para o cartão de crédito com segundas intenções. Pelo menos os três que vieram a Xangai teriam facilmente caído em tentação se eles funcionassem no Brasil.

Curiosamente, a parte tecnológica da festa foi realizada quase às escondidas. Entendo, porque, convenhamos, há poucas coisas menos glamourosas do que papo de nerd. A gente gosta, mas... hmmm... bom, quer dizer... bem, um pouco de autocrítica nunca fez mal a ninguém, fez? O fato é que a Motorola quis dar a todos, inclusive aos desenvolvedores, uma turma da pesada, o recado de que o lançamento de novos celulares é uma aventura fashion, digna de um megashow com produção caprichadíssima.

No Centro de Exposições de Xangai foi montada uma exibição histórica singular, reunindo todos os modelos da empresa, dos telefones de campanha da Segunda Guerra até o mini StarTac, passando pelos portáteis que os yuppies carregavam nos anos 80 com uma bateria a tiracolo. Tudo com muita ambientação, luzes, cenografia, antigos cartazes e material publicitário do paleozóico.

Os novos Motorolas, perdão, Motos, entraram em cena num desfile autêntico, nas mãos de modelos que poderiam ter saído diretamente de uma dessas semanas de moda de que a Mara Caballero tanto gosta. Taí, quem diria: a Motorola, que sempre foi o patinho feio dos celulares, levando ao extremo a tendência lançada pela Nokia, há quatro anos, quando o 8210 estreou numa passarela do Kenzo...

E, por falar em 8210: este é o Último Grande Desafio, o problema que gênio algum, da tecnologia ou do marketing, conseguiu resolver — o do nome dos celulares. Só aqui na China circulam, neste momento, 457 diferentes tipos de aparelhos; e, com tantos modelos novos saindo o tempo todo, esgotaram-se as palavras planetárias. De modo que estes lindos objetos de desejo, estes supra-sumos da alma cool do novo século estão, até segunda ordem, condenados aos números perpétuos.

Em outras palavras: condenados ao anonimato. Deve haver nisso uma ironia qualquer, mas às quatro da manhã de sexta-feira, 9 de janeiro de 2003, batucando no meu 560Z velhíssimo de guerra, no quarto 1001 do The Westin Shanghai, ela me escapa completamente.

(O GLOBO, Info etc., 13.01.2003)

P.S. Shangai aqui entrou com X, Xangai, porque esta é a grafia usada pelo jornal. Eu acho mais bonito com SH, como nos filmes antigos.

11.1.03



Expresso de Shangai

Quase duas da manhã e, no quarto 1001 do The Westin Shanghai reina a mais completa desordem: estou tentando fazer tudo caber numa mala só. Não é nem que tenha comprado tanta coisa, é que estou sem paciência de dobrar direitinho todos os casacos, capotes, gorros e luvas que usei aqui.

A questão das compras, aliás, merece consideração. O preço de tudo que não seja eletrônico ou importado é muito barato aqui, mas é impossível comprar uma caixinha de incenso de alguns centavos sem discutir meia hora com o vendedor a respeito do preço final. Não há um preço "certo" para nada, há simples hipóteses de trabalho: eles geralmente pedem três vezes mais do que estão dispostos a aceitar, e cabe ao freguês ter disposição e talento para reduzir o custo do que deseja comprar.

Sob este aspecto, veio à China a Rónai mais errada possível. Mamãe teria resistido valentemente a todas as tentações; a Laura teria feito eles saírem no prejuízo; e a Bia teria comprado o estritamente essencial e justificável, pelo preço correto. Já eu...

Ainda assim, não posso me queixar: esta pechincha obrigatória é que me salvou da ruína, porque deixei de comprar muita coisa por falta de saco para ficar fazendo cabo-de-guerra na calculadora com os vendedores. Temos, orientais e ocidentais, visões radicalmente diferentes do que deve ser uma operação comercial bem sucedida. Para nós, quanto mais rápido se resolva a questão, melhor; para eles, o importante é discutir preço e mercadoria nos mínimos detalhes, nem que isso leve o dia inteiro.

O sistema é o mesmo na China e em todo o Oriente, e acredito que parte do pressuposto de que uma venda é, antes de mais nada, uma interação social. Isso devia fazer muito sentido há algumas décadas, num mundo sem pressa e sem cinema ou televisão, em que comprar e vender era possivelmente uma das maiores distrações, e talvez faça sentido até hoje entre pessoas que moram na mesma cidade e falam a mesma língua... mas como é enervante numa loja de lembrancinhas, onde ninguém se entende e todos estão de passagem!

Quando eu chegar em casa volto a falar nisso; o lance todo é muito interessante.

Até lá!

10.1.03









Expresso de Shangai

Desculpem o sumiço! Quinta-feira foi um dia puxadíssimo, com apresentações, palestras e entrevistas -- e uma fugida rápida prum mercadão aqui perto do hotel, onde fomos comprar as tradicionais lembrancinhas de viagem, que ninguém é de ferro. Para poder passar a sexta na rua, sem preocupações, resolvi escrever logo a matéria de segunda do Info etc., que só terminei às cinco da manhã; sendo que a gente saía quase em seguida, às 8h30 para um tour pela cidade. Não é só para o blog que está faltando tempo...

Enfim, tudo isso se resume em duas palavras básicas: tou morta! A versão integral, porém, é bem mais complexa do que este resumo. Ainda preciso arrumar as idéias e os sentimentos, ontem vi coisas demais, mas para começar aqui vão alguns pontos:

1) Continuo sem acesso ao blog, e descobri por quê. É que o governo da China bloqueia o acesso a sites incômodos, e o Blogspot é um deles. Em resumo, internauta chinês pode até ter blog (o acesso ao Blogger está livre) mas não pode ler blogs, pelo menos não aqueles pendurados nos hospedeiros óbvios;

2) Estou tendo acesso aos comentários através do Yaccs, que acesso diretamente, portanto estamos em contato. Meio arrevezado, já que nem sempre sei qual comentário se refere a quê, mas mesmo assim gostoso e -- sim, a palavra é essa -- gratificante para mim: fiquei muito contente em saber que vocês gostaram da coluna do Segundo Caderno! Eu estava (e ainda estou) meio apreensiva, o equilíbrio é sempre delicado até a gente descobrir o rumo certo num espaço novo.

Também fiquei muito feliz em saber que as fotos agradaram. Acabo de chegar da sala de imprensa, onde passei a noite subindo um outro lote.

3) Acho que posso dizer, sem exagero, que ontem passei por um dos dias mais perturbadores da minha vida -- um dia que não acabou à meia-noite, e com o qual vou ficar me debatendo ainda por um bom tempo.

A day in the life

Nosso tour foi vendido pela agência como um mergulho na vida cotidiana chinesa. Iríamos a um bairro residencial, visitaríamos uma escola, um centro comunitário e um hospital, daríamos um passeio pelas redondezas e terminaríamos a manhã em casas de voluntários que faturam um extra abrindo seus lares a visitantes e oferecendo-lhes refeições semelhantes às que, em tese, fazem todos os dias. Nossa guia, uma moça simpática de uns 25, 30 anos, falava um inglês excepcionalmente bom, e tudo, com exceção do frio desgraçado, parecia perfeito.

Saímos do centro de Shangai e fomos para uma região descrita pela guia como um típico bairro de trabalhadores. Primeira parada: o jardim de infância, onde as crianças que nos esperavam na porta nos pegaram pela mão e nos levaram para uma sala de aula, onde apresentaram numeritos de canto e dança. A escola é ampla, limpa, bem-equipada e alegre, e as criancinhas, lindas como todas as crianças chinesas, estavam bem cuidadas, bem alimentadas e bem vestidas. Uma perfeição. E típica, segundo a guia:

-- Todas as crianças chinesas freqüentam escolas assim. Vocês viram como elas estão alegres!

Nós brasileiros e os colegas indianos ficamos indignados.

Escola típica, aquela?! Quem eles acham que estão enganando?! É possível que um americano, um sueco ou um norueguês acreditem nesse papo, mas nós sabemos o que é uma escola típica nos nossos países, que, apesar das óbvias diferenças culturais, têm lá a sua semelhança econômica. Nós lemos jornais e nós fizemos o dever de casa antes de vir para cá; nós já vimos fotos de meninas chinesas abandonadas em orfanatos miseráveis, atiradas nas ruas, entregues para adoção. Eu até conheço uma dessas meninas, Rose, filha do meu colega John Lippman, do Wall Street Journal.

Além disso, tanto os indianos quanto eu já havíamos chegado sozinhos ao outro lado do rio, àquele bairro que fotografei no primeiro dia, em que vivem pessoas privilegiadas por terem casa, calefação e comida bem aqui na cidade -- mas que, vocês viram, está longe de ser um lugar idílico onde existiriam escolas assim para todas as crianças.

Nos sentimos traídos pela guia, que nos tinha parecido tão sincera e simpática, e ficamos imaginando que espécie de pistolão um chinês não precisa ter para conseguir matricular o filho lá. Ficamos imaginando também que opinião terão dos estrangeiros que os visitam, para achar que podem mentir com essa desfaçatez. Nós sempre ouvimos falar em propaganda oficial e em guias conduzindo visitantes para lugares maquiados, mas nunca pensamos que a coisa fosse tão primitiva.

Na próxima parada, o tal centro comunitário, fomos levados para um prédio estalando de novo, com academia de ginástica, enfermaria, sala de lazer... enfim, todos os confortos da civilização, desta vez ao alcance dos velhinhos, que nos contaram como complementam a sua aposentadoria (integral, fizeram questão de frisar) vendendo os seus trabalhos manuais, por acaso ali expostos: leques, pinturas, esculturinhas de jade. Rigorosamente iguais aos que vimos no mercadão, só que três vezes mais caros.

Alguns incautos compraram. Eu só não estava subindo de costas pelas paredes porque o cheiro da tinta estava me matando de alergia, mas a Luciana Vedovato, da Motorola, o Renato Cruz, do Estadão, e os indianos todos estavam prestes a começar um motim, levado a efeito na próxima parada, o hospital. Aí nos recusamos a continuar ouvindo aquela xaropada, e preferimos bater perna pra cá e pra lá, enquanto os outros colegas se submetiam a essa estranha forma de tortura chinesa.

Antes de rumar para os típicos lares chineses e desfrutarmos as típicas refeições com os típicos trabalhadores de Shangai, fizemos uma parada de dez minutos no mercado local. Nessa quem rodou a baiana fui eu. Como, dez minutos no mercado?! Com tantas fotos para fazer?! No way! De lá eu ia embora por conta própria, nem que fosse a pé, mas é num mercado que a gente vê, de fato, como o povo vive, o que come, do que gosta.

Eu não ia passar correndo pela vida real para depois perder outra hora do meu precioso tempo numa ficção qualquer.

Luciana e Renato, ótimos companheiros de viagem, ficaram também, não sei até que ponto por receio de me deixar sozinha naquele canto perdido do mundo. De qualquer forma, fiquei muito grata a eles; um pesadelo dividido por três é mais fácil de encarar. Acontece que ontem nós descobrimos que num mercado também se pode ver a alma de um povo -- e o que nós vimos foi, para dizer pouco, aterrorizante.

Imaginem a cena: um mercado cheio das coisas que habitualmente se vendem nos mercados, frutas, legumes, cereais. Uma imundície inacreditável por todos os lados, uma camada de sujeira derrapante e fedorenta no chão, bicicletas e motos passando entre as pessoas por corredores estreitos até para as pessoas -- e, de repente, a peixaria.

Eu, que fiquei um pouco para trás fotografando, ouvi um grito da Luciana. Corri em tempo de ver, num balcão, um peixe grande que acabara de ser cortado em dois, vivo, sangrando e se debatendo. Fiquei paralisada olhando para a cara daquele bicho que saltava sem a parte de baixo do corpo, e que levou uma eternidade para morrer.

Mas não havia sido essa a causa do grito da Lu. Quando ela me encontrou, depois de ouvir o meu grito (claro, eu nem percebi, mas gritei também), o peixe já estava quase morto. O que ela tinha visto havia sido igualmente horripilante: uma vendedora batendo uma enguia também viva no chão, para possivelmente esmigalhá-la por dentro, e depois cortando a sua cabeça fora com uma tesoura. As pessoas -- digo, os chineses -- que estavam em volta acharam o nosso pavor muito engraçado.

Seguimos em frente. Todos os animais -- sapos, cobras, enguias, peixes, caranguejos, tartarugas -- são mantidos vivos em pequenas bacias. A água dos peixes e enguias tem tubos de oxigênio, como aqueles que se usam nos aquários, para que eles não morram. As tartarugas, empilhadas umas em cima das outras, tentam escapar. Não consegui deixar de dar outro grito quando vi uma que estava quase caindo da bacia. O vendedor, mais um que se divertiu com a minha reação, a pegou pelo pescoço. Não tive coragem de ver o que fez ou deixou de fazer.

Logo adiante, uma moça estava limpando uma batelada de cobras. Cortava-lhes as cabeças, depois as abria ao comprido e tirava a espinha e as entranhas. Fazia isso de forma tão automática que nem olhava para elas. Fiquei pensando quantos milhares já não teria matado para atingir tal nível de perfeição.

Fugimos da peixaria, mas caímos num lugar pior. Do outro lado estavam as aves. Vi um cisne com as asas quebradas para trás, "amarradas" num nó atrás do pescoço, sendo pesado num gancho que o suspendia por este nó das asas. Vi centenas de patos uns em cima dos outros, alguns com as patas partidas, todos com as asas quebradas da mesma forma, e nunca mais vou conseguir me esquecer do olhar dessas aves, eu que achava que aves não têm expressão.

Nunca mais vou conseguir me esquecer, também, do olhar dos chineses, que riam para nós tentando, acho, ser simpáticos, e que se mostravam encantados com a câmera digital.

Nunca na vida vi um descaso tão generalizado com o sofrimento, uma tal banalização da crueldade. Pode-se argumentar que a forma como criamos os frangos nas nossas granjas não é mais "humana" (que palavra mais inapropriada!), ou que um matadouro não é muito diferente disso; não sei.

Ainda não assimilei a experiência inteiramente, mas já estive em mercados em todos os cantos do mundo, de Seattle a Istambul, passando por Belém, Santiago e meia Europa e, repito, nunca vi nada sequer remotamente parecido.

Mais tarde, passando por umas lojas, vimos uma gatinha tricolor fechada numa jaula minúscula. Era o animal de "estimação" da casa. Fui fazer um carinho e ela miou desesperadamente para mim, como se eu pudesse representar uma forma qualquer de salvação.

Fiquei no auge da depressão.

O Renato disse:

-- O que é que você queria? Ela está sendo tratada como um membro da família.

P.S. Mais uma vez, as fotos estão sem legenda, e não foram selecionadas ou tratadas, com exceção de um ou outro corte aqui e ali. O que está nos álbuns corresponde, mais ou menos, a uma cópia contato. Dêem um desconto. Quem quiser ver as fotos em alta resolução, MUITO grandes (leia-se leeentas) pode ir por esses links aqui para o tour oficial, o mercado e o passeio dos brasileiros insurrectos.

9.1.03



Hoje, no GLOBO...

...a minha coluna nova! Só não reparem a foto, pelamordedeus, que está horrível. Quando eu voltar vou pedir pro pessoal trocar por uma melhorzinha.

Traição a 2.400kbps, ou
O triunfo das livrarias



Nem sempre o que parece ser um processo de extinção acaba com uma espécie. Ainda bem!

Não me lembro mais quando comprei o primeiro livro on-line, mas lembro, até hoje, da mistura de sentimentos com que teclei o enter daquela compra. Isso foi, naturalmente, antes da web e do mouse (sim, meninos, houve esse tempo!) e a gente chegava à falecida books.com através de um sistema de acesso chamado telnet; mas não, não se preocupem, não vou explicar como isso funcionava. Esta coluna que estréia hoje é a minha coluna sem tomada, uma espécie de Cora Rónai unplugged; a tecnologia continua onde sempre esteve, no Informática etc. Vocês sabem, né? Às segundas-feiras, neste mesmo jornal? Aquele caderninho lindo?

Então. Como eu ia dizendo, as impressões daquela primeira compra foram tão marcantes que até hoje vivem em mim, ainda que eu tenha esquecido quantos e quais livros comprei na ocasião. De um lado, o assombro com a internet e com a vastidão do mundo de livros (e de dívidas em moeda forte) que se abria diante de mim; de outro, mais pungente, a sensação de estar traindo dona Vanna Piraccini, a minha querida livreira da Leonardo Da Vinci, onde, até aquele momento, sempre comprara os livros importados.

Eu pressentia que estava entrando por um caminho sem volta, e não conseguia deixar de pensar na horrível ingratidão que cometia, em parte por comodismo, em parte por economia, mas muito pelo frisson daquele ato ainda mágico de conjurar um livro do além através de meia dúzia de comandos e um simples cartão de crédito.

A minha relação com a Leonardo Da Vinci era, claro, uma relação especial. Dona Vanna era amiga de meus pais e, quando eu era adolescente, muitas vezes aceitou encomendas minhas que sabia que eu jamais poderia pagar - livros que eu levava para casa, um de cada vez, com o compromisso solene de ler sem quebrar a lombada. Assim, por exemplo, li toda a correspondência entre Vincent van Gogh e seu irmão Theo, nos quatro volumes de uma edição francesa que custava o equivalente a uns dois meses do que eu ganhava. Se alguém quis comprar aquela coleção enquanto eu estava com um dos volumes, não sei; mas sei que não fui a única protegida da dona Vanna. Tempos depois, quando já ganhava o suficiente para poder gastar tudo em livros, andei atrás de uma coletânea de discursos de Churchill, que havia visto por ali.

- Esquece este livro - disse dona Vanna. - Ele está sendo lido.

Ah, que bom, então outras pessoas que conseguiam ler sem quebrar a lombada continuavam a tradição?

- Imagina, você acha que eu sou uma biblioteca?! Não, este menino vem aqui toda tarde, senta num canto, lê horas a fio e, antes de ir embora, esconde o livro numa estante diferente. Só põe de volta no lugar certo quando acaba - e este ele começou a ler agora. Tem quase mil páginas. Volta daqui a dois meses.

Que espécie de ser sem entranhas seria capaz de comprar livros on-line tendo uma livreira como a dona Vanna? Ou como a Dalva Gasparian, da Argumento, que me avisava quando chegavam as caixas da Penguin, para que eu pudesse escolher antes dos outros? Se todos se deixassem seduzir pelas facilidades do comércio eletrônico, o que seria das livrarias? E - horror dos horrores - o que seria do mundo sem as livrarias?!

Para mim, essa não era uma questão meramente retórica. Era um problema familiar, pessoal, íntimo. Meu avô, que não cheguei a conhecer, tinha uma livraria em Budapeste. Cresci à sombra desta casa desaparecida, tão viva na memória de meu pai que até hoje existe na minha imaginação, com suas altas estantes envidraçadas, suas pequenas edições tão bem cuidadas, sua papelaria com uma espécie diferente de maravilha escondida em cada gaveta: cromos ingleses, carnês de baile, papéis de carta, mata-borrões.

Uma loja como a Amazon (ou como as suas equivalentes de pedra e cal, as onipresentes megastores) é, sejamos francos, um simples depósito de livros, um entreposto cultural que, por eficiente que seja, não merece o nome de livraria. Uma livraria é mais do que um monte de livros juntos: é um cardume de idéias, um ponto de encontro, um ser vivo como outro qualquer, com suas idiossincrasias, seu charme, seu cheiro.

Uma livraria é, sobretudo, um discreto monumento à civilização, um local onde podemos nos certificar, permanentemente, de que, apesar dos pesares, temos feito algum progresso como espécie. Coisa que, olhando assim pela televisão, ninguém diz.

Isso talvez explique as nossas surpreendentes livrarias, e a nítida mudança da vida intelectual carioca dos botecos para os cafés com livros que vêm, ultimamente, brotando feito cogumelos. É possível que, na cidade cada vez mais violenta e insegura, precisemos do conforto dessas ilhas de convivência cúmplice e gentil entre estranhos.

É bom para a alma passear entre as estantes, devagar, observando outras pessoas que fazem a mesma coisa: bípedes calmos flutuando numa bolha de cordial e educada civilidade, felizes por constatarem que ainda há espaço para uma certa área cinzenta da anatomia humana que não se retoca com lipo ou com silicone.

8.1.03



Estranho...

Desde ontem, não consigo acessar o blog daqui. O Blogger sim, e os comentários (vou direto aos YACCS), mas nada de blog. Daí, pelo visto, tudo OK, né? Beijinhos, fui -- cuidem direitinho do nosso fuso horário, que é muito melhor do que o daqui!


Expresso de Shangai

Ontem à noite -- depois da abertura oficial do Hello Moto!, evento gigantesco que a Motorola está realizando aqui, com muitos lançamentos, o anúncio de um programa para desenvolvedores chamado Moto Coder (que trabalha basicamente em Java, e é, essencialmente, bem parecido com o Brew, da Qualcomm) e um autêntico desfile de celulares, com modelos super-fashion carregando os telefoninhos de cá pra lá, muito legal! -- nos ofereceram um jantar 100% chinês.

Não conseguimos identificar 90% da comida, e os 10% que identificamos... bom, era melhor continuar na ignorância, mesmo. Tudo muito chique e bem servido, lindo demais, mas quase morremos de rir diante das caras dos colegas mais afoitos que comiam de tudo. Isso porque 90% daqueles 10% identificados eram pimenta... Filhotes de polvo cru com pimenta, barbatana de tubarão com pimenta, carne (não se sabe de quê) com pimenta, pimenta com pimenta...

Não sei se havia répteis presentes, tudo é possível. A pior coisa, que nem um argentino especialmente dotado de espírito de aventura que estava à nossa mesa conseguiu comer, parecia língua de alguma coisa pequena, mas tinha um osso dentro, de modo que devia ser outra coisa. Podia ser um bico de pato também, não sei. Nem sei se faço questão de saber.

A única coisa que me pareceu comestível, e não de todo má-- umas algas verdinhas, sem pimenta -- era puramente ornamental. Além dessas algas, um rabanete vermelho, cuidadosamente esculpido em forma de flor, foi disputado por todos. E, para não ser totalmente injusta, havia uns camarões fritos com alguma coisa muito estranha em cima, mas camarão nem o cozinheiro chinês mais radical consegue estragar.

Isso, do meu ponto de vista ocidental primitivo, que não está à altura de uma civilização antiqüíssima que vem depurando o paladar há milênios. Eu, que estou bem baixo na escala alimentar (do que a gente come!) ainda vou ter que comer muito feijão pra chegar a esse grau de sofisticação.

De preferência preto, com uns pedaços de porco, uma couvezinha do lado, uns torresmos, umas rodelas de laranja.... buáááá!!!

Bom, agora chega: são oito da matina e já estou atrasada, a primeira palestra do dia começa em 30 minutos e ainda não tomei café. Sem pimenta, please.


Um autentico gato de armazem chines! Fofo, gentil e ronronante. Mia igualzinho aos gatos brasileiros, de modo que conseguimos nos entender as mil maravilhas...

Expresso de Shangai (fotos!)

Meninos, sem exagero, passei a manha inteira por conta dessas fotos... ufa!

Agora tenho que ir trabalhar, mas fiz um album para quem quiser ir dando uma olhadinha. Mais tarde vou selecionar algumas fotos especiais pro blogue e legendar, mas por enquanto, os que tiverem conexoes rapidinhas podem clicar aqui... e boa viagem!

Um detalhe: eles podem ate comer cachorro, mas vi varios gatinhos " trabalhando" em lojas.

7.1.03



Enquanto isso, na Noruega...

...o Jack Valenti e a MPAA perderam o caso do DeCSS!!! Para os que não sabem o que é isso, não se preocupem com as letrinhas e abram uma Cerpa do mesmo jeito, porque é uma grande vitória para TODOS! Deu no AftenPosten e a essa altura, imagino, já está em toda a parte, mas aqui deste lado do mundo, de cabeça pra baixo, só fiquei sabendo agora, graças ao Mahna Mahna: valeu, meu amigo, taí um bom jeito de começar o dia!

Resumindo: o rapaz que quebrou o CSS, aquele código de quinta que a igualmente de quinta MPAA instala nos DVDs pra que só toquem assim ou assado, foi absolvido em grande estilo. A Corte decidiu que o consumidor, ao contrário do que querem os tubarões da indústria de entretenimento, é dono da sua legítima propriedade, e tamos conversados. Como jurisprudência, ainda que tenha acontecido na Noruega, é de grande valor.

Angloparlantes, leiam a manchete e a abertura, e vejam se isso não soa como música para os seus ouvidos:

'DVD Jon' scores huge legal victory

A Norwegian teenager who helped crack a code meant to protect the content of DVDs won full backing from an Oslo court on Tuesday. The court acquitted him on all charges, a ruling that comes as a crushing blow to public prosecutors and entertainment giants.

Em outras palavras:

YESSSSSSSSSSSSS!!!

Ah, sim: Mais tarde, notícias de Shangai. Vou tomar café da manhã, depois de ter passado a noite acordando nos horários mais esquisitos com todos os tipos de fome. A viagem é cansativa, mas esta cidade é realmente extraordinária e vale cada minuto no avião.

6.1.03



O Westin, em Shangai. Muito bonito! Mas, como todo hotel, exibe as fotos de um quarto três vezes maior do que o que oferece aos hóspedes...

Shangai Express

SHANGAI, China Está MUITO FRIO, o pior inverno em Shangai nos últimos cinco anos; a janela do meu hotel, no famoso Bund (que se pronuncia "búned"), dá para uma esquina onde passam alguns carros e muitas, mas muitas bicicletas. Me disseram que todos os dias são roubadas umas 130 bicicletas em Shangai. Está nublado, mas uma nesguinha de sol está me chamando. Tenho que aproveitar, porque logo mais já vou estar trabalhando.

Estou resfriadíssima, lógico, depois de mais de 30 horas de viagem, mas vou descolar umas ervas por aí pra cuidar disso; só espero conseguir me entender com o cara da farmácia e levar as ervas certas... caso contrário, não me responsabilizo pelo conteúdo do próximo post, logo mais à noite (minha; manhã no Brasil)!


Ufa, cheguei...! Constatação # 1: a China é longe paca! Constatação # 2: estou morrendo de sono... São duas da manhã agora. Quando eu virar gente de novo conto tudo, OK? Ah: tem banda larga no hotel e, como vocês tão vendo, funciona.

4.1.03




Rapidinho...

PessoALL,

devo ficar fora do ar durante os próximos dois dias.

Estou viajando: vou lá na esquina, mas volto já.

Até logo!


Depois do Rosinha Não!...
o Rosinhômetro!!!



Bia & Bill

Uma das coisas que não entendo no mundo blogue é por quê a Bia Badaud não tem um. Dentre as pessoas que conheço, ela é, sem favor, uma das que melhor pensam o mundo à sua volta, uma rara idealista que -- como o Claudinho, do Circulando -- não fica só no papo, mas age em função desse idealismo, de fato ajudando o Brasil a se tornar um país menos injusto.

Não conheço a Bia pessoalmente, mas tenho grande orgulho de ser sua amiga.

Hoje ela me mandou um email que dá uma boa medida de quem ela é:


"Não sei se é verdade. Mas fiquei muitíssimo irritada com este emeio que recebi... Deu vontade de te mostrar. O emeio e o que respondi. Meio longo, mas... aí vai:

Para qualquer pessoa com filhos de qualquer idade ou qualquer pessoa que já foi criança, aqui estão alguns conselhos de Bill Gates em uma conferência de uma escola secundária sobre 11 coisas que estudantes não aprenderiam na escola. Ele fala sobre como a política do "sentir-se bem" tem criado uma geração de crianças sem conceito da realidade e como esta política tem levado as pessoas a falharem em suas vidas posteriores à escola. (Não é à-toa que ele é um dos homens mais bem sucedidos e ricos do mundo).

Regra 1: A vida não é fácil - acostume-se com isso.

Regra 2: O mundo não está preocupado com a sua auto-estima. O mundo espera que você faça alguma coisa útil por ele ANTES de sentir-se bem com você mesmo.

Regra 3: Você não ganhará US$ 40,000 por ano assim que sair da escola. Você não será vice-presidente de uma empresa com carro e telefone à disposição antes que você tenha conseguido comprar seu próprio carro e telefone.

Regra 4: Se você acha seu professor rude, espere até ter um chefe. Ele não terá pena de você.

Regra 5: Fritar hambúrgueres não está abaixo da sua posição social. Seus avós têm uma palavra diferente para isso - eles chamam de oportunidade.

Regra 6: Se você fracassar, não é culpa de seus pais, então não lamente seus erros, aprenda com eles.

Regra 7: Antes de você nascer seus pais não eram tão chatos como agora. Eles só ficaram assim por pagar as suas contas, lavar suas roupas e ouvir você falar o quanto você mesmo era legal. Então antes de salvar o planeta para a próxima geração querendo consertar os erros da geração dos seus pais, tente limpar seu próprio quarto.

Regra 8: Sua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim. Em algumas escolas você não repete mais de ano e tem quantas chances precisar até acertar. Isto não se parece com absolutamente NADA na vida real.

Regra 9: A vida não é dividida em semestres. Você não terá sempre os verões livres e é pouco provável que outros empregados o ajudarão a cumprir suas tarefas no fim de cada período.

Regra 10: Televisão NÃO É vida real. Na vida real, as pessoas têm que deixar o barzinho ou a cafeteria e ir trabalhar.

Regra 11: Seja legal com os "Nerds". Existe uma grande probabilidade de você vir a trabalhar para um deles.

E respondi isso:

Ele fala sobre como a política do "sentir-se bem" tem criado uma geração de crianças sem conceito da realidade e como esta política tem levado as pessoas a falharem em suas vidas posteriores à escola.

'Política do sentir-se bem' ??? Sentir-se bem é errado? Crianças sem conceito de realidade? Realidade do ponto de vista de quem? Os traficantes de drogas também estão entre as pessoas mais ricas do mundo.

Regra 1: A vida não é fácil - acostume-se com isso.

A vida do ambicioso e principalmente do inescrupuloso não deve ser fácil, mesmo. A vida pode ser fácil quando uma pessoa reconhece e aceita seus limites e sabe ser feliz com o que necessita para o seu sustento. Pode ser fácil quando uma pessoa escolhe seu companheiro (a) por amor, e sua carreira pela vocação.

Regra 2: O mundo não está preocupado com a sua auto-estima. O mundo espera que você faça alguma coisa útil por ele ANTES de sentir-se bem com você mesmo.

O mundo não tem que se preocupar com a auto estima de ninguém, isso não é errado ou cruel. É função e dever de cada um de nós ensinar e cultivar nos filhos a auto estima. Porque pessoas com auto estima baixa acham que precisam enriquecer pra poder angariar a estima das pessoas. E passam a correr atrás de dinheiro e posição social a qualquer custo. Inclusive à custa da ética. Ética é respeitar o direito do próximo. Uma pessoa que não se respeita não vai respeitar os demais.

Regra 3: Você não ganhará US$ 40,000 por ano assim que sair da escola. Você não será vice-presidente de uma empresa com carro e telefone à disposição antes que você tenha conseguido comprar seu próprio carro e telefone.

Você não precisa ganhar 40.000 por ano nem quando sair da escola nem nunca. Precisa ganhar o suficiente para sustentar-se com dignidade. Pagar as contas e divertir-se. Se trabalhar no que gosta tem imensas possibilidades de conseguir, e voltar pra casa satisfeito no fim do dia.

Regra 4: Se você acha seu professor rude, espere até ter um chefe. Ele não terá pena de você.

Se você acha seu professor rude, avise aos seus pais, para que façam queixa ao diretor da escola. E exija que ele se desculpe. Depois, tendo feito uma boa formação profissional, poderá exigir respeito profissional do seu chefe. Não vai precisar da pena dele.

Regra 5: Fritar hambúrgueres não está abaixo da sua posição social. Seus avós têm uma palavra diferente para isso - eles chamam de oportunidade.

Nenhum trabalho é indigno.Seus avós chamariam isso de dinheiro ganho dignamente.

Regra 6: Se você fracassar, não é culpa de seus pais, então não lamente seus erros, aprenda com eles.

Concordo.

Regra 7: Antes de você nascer seus pais não eram tão chatos como agora. Eles > só ficaram assim por pagar as suas contas, lavar suas roupas e ouvir você falar o quanto você mesmo era legal. Então antes de salvar o planeta para a próxima geração querendo consertar os erros da geração dos seus pais, tente limpar seu próprio quarto.

Seus pais não eram e não são chatos. Pagar contas e lavar roupas são tarefas feitas com o maior prazer por quem teve filhos consciente.Tenha apenas a certeza de que eles te amam, e os respeite. São humanos e erram, normal, mas erram tentando sempre acertar. Um dia, quando for maior, vai compreendê-los. Mas, enquanto isso, pode limpar o seu quarto.

Regra 8: Sua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim. Em algumas escolas você não repete mais de ano e tem quantas chances precisar até acertar. Isto não se parece com absolutamente NADA na vida real.

Errar é humano e tentar até acertar é real. Perdedor é quem desiste de ser feliz e acha que precisa acumular dinheiro pra poder comprar amor.

Regra 9: A vida não é dividida em semestres. Você não terá sempre os verões livres e é pouco provável que outros empregados o ajudarão a cumprir suas tarefas no fim de cada período.

Verões livres são pras crianças. Adultos que trabalham têm direito a 30 dias de férias anuais. Por lei. Empregados freqüentemente se ajudam nas tarefas. Os egoístas normalmente são identificados pelo grupo e isolados dele.

Regra 10: Televisão NÃO É vida real. Na vida real, as pessoas têm que deixar o barzinho ou a cafeteria e ir trabalhar.

Óbvio. Se você não consegue perceber isso, tem um sério distúrbio psiquiátrico e precisa de tratamento.

Regra 11: Seja legal com os "Nerds". Existe uma grande probabilidade de você vir a trabalhar para um deles.

Seja legal com todas as pessoas, meu filho. Desde a faxineira até o seu chefe. Respeite aos outros e se faça respeitar. Não seja nunca subserviente por ambição. E, pracabar, uns conselhos dum indiano famoso chamado Gandhi:

Razões para a decadência social:

1 - Riqueza sem trabalho;
2 - Prazer sem sacrifício;
3 - Conhecimento sem sabedoria;
4 - Comércio sem moral;
5 - Política sem idealismo;
6 - Religião sem ética;
7 - Ciência sem humanismo.


Ora bolas.

3.1.03



Ah, sim -- antes
que eu me esqueça:
volta, Matusca!!!



Pipoca e o brinquedo de Natal

Margarida (quase dormindo) e Mosca disputam o brinquedo que a Bia trouxe


Manuel e Margarida

Desculpem, queridos, ando meio em falta com o blog, mas a vida aqui ficou ligeiramente tumultuada com os festejos de fim de ano, o trabalho, as máquinas doentes e, last but not least, os gatinhos pequenos, que estou curtindo enquanto posso: na próxima segunda eles se mudam definitivamente para a casa da Monique e do Fernando Pedreira.

Vão virar dois intelectuais da pesada convivendo com o Fernando e, se seguirem o exemplo da Monique, acabam sendo também os gatos mais elegantes do Alto Leblon: ela é a pessoa mais chique que eu conheço, aquela mulher que põe uma calça, uma camiseta e uma sandália havaiana e parece que saiu de uma revista de alta costura. Incrível. O pior é que ela ainda se dá ao luxo de ser uma companhia maravilhosa, com um senso de humor genial.

Enfim: os meus queridinhos vão ficar na melhor companhia possível, mas eu já estou morrendo de saudades. São tão maluquinhos... Hoje o Zé Mané atacou a minha canja e comeu um pedaço enorme de cebola. Acho que continua sem saber que é um gato.


Depois eles estranham...

Deu no Diário de Pernambuco que uma bióloga brasileira que viajou aos EUA a convite de uma instituição de pesquisa de lá foi presa e expulsa do país acusada de fazer tráfico de mulheres. É mais uma daquelas histórias que fazem com que a gente fique com vontade de nunca mais pôr os pés naquele país.

1.1.03



Primeira notícia do Ano Livre

Esta o Luis Alberto mandou como Última do Ano mas, por causa dos problemas com as máquinas, só li agora. Portanto...

Novo endereço da Petição pelo Software Livre ao Presidente

A petição original no petitiononline.com, iniciativa de Renato Siqueira, teve problemas ainda não explicados durante cinco dias, o que levou o autor a publicar a petição em outro site. Apesar da original ter voltado a funcionar normalmente, assine e divulgue a nova petição, corrigida e mais completa: "O Objetivo desta petição é fazer com que o governo pare de gastar centenas de milhões de reais por ano dos cofres públicos com licenças de software proprietário, que sustentam um monopólio estrangeiro e passe a utilizar softwares livres (quando o software livre substituir com funcionalidade mínima de 100% o software proprietário) na administração e nos órgãos públicos onde o dinheiro do povo paga as contas.."

Atenção! Apesar da antiga petição ter voltado a funcionar normalmente, o recomendado é concentrar as assinaturas na nova, então se você divulgou o endereço anterior, não deixe de divulgar o novo endereço.

Leia, assine e divulgue a nova petição em:

http://www.ipetitions.com/campaigns/gnulinux/

O texto da petição foi razoavelmente criticado em relação à argumentação e estilo de escrita. Mas lembro que ele não é um documento de uma entidade jurídica a ser entregue a uma comissão técnica. A idéia é exatamente ser uma petição civil, iniciativa de um cidadão brasileiro, apoiada por assinaturas de todos nós :-)

Na verdade, esta petição formará, junto com outros documentos que serão enviados aos nossos representantes, um grande quadro da força da comunidade brasileira do Software Livre.

Parabéns para o Renato Siqueira, pela iniciativa e persistência frente aos problemas enfrentados.


Aula de História

A BBC está transmitindo a posse de Lula, ao vivo. A CNN também está transmitindo ao vivo... do México, onde uma fábrica de fogos explodiu, matando 28 pessoas.

Faz sentido.


Rio, ontem e hoje

Raphael Perret e eu temos uma paixão em comum: a webcam do Pão de Açúcar. A toda hora mandamos cliques de lá um pro outro.

Ontem, eu cliquei o último dia do ano:



Hoje, ele clicou o primeiro, e mandou junto esta mensagem:



"A primeira tarde de 2003, com esse céu azul e um tempo limpo e lindo, nos dá indícios de que a esperança se materializará em felicidade muito em breve".


A festa, vista do passadio -- uma ponte lá no alto do navio

A saída da Praça XV

Festa!

A turma do batente

Às vezes passavam barcos pra cá e pra lá, e todos gritavam e acenavam de embarcação a embarcação

Este foi um dos mais bonitos

Quase neve

Fogos

Fogos

Update, depois de descansar legal: Este foi o Réveillon do Kaiser Boat, que curti com a Marina W. e o Sidney, e muitos outros amigos que encontrei por lá. Os fogos são os da Praia do Flamengo, já que a Capitania dos Portos não deu autorização ao barco para ir até Copacabana. Isso foi meio frustrante mas, como se pode ver pelas fotos, não chegou a atrapalhar a festa.

Mas sabem onde vai ser o próximo? Aqui:

Queima de fogos na Lagoa! Que lindo...